Studio Ghibli, I.A. e a banalização do trabalho artístico
E mais: Marina Sena, Josyara, "Onda Nova" e Soderbergh
Opa, tudo certo por aí?
Nesta edição, trazemos pautas que transitam entre arte, tecnologia, música e resgate histórico no cinema brasileiro. A nova febre das redes sociais por imagens geradas por inteligência artificial com o estilo do Studio Ghibli reacendeu discussões sobre autoria, apropriação de linguagem visual e os limites da criação automatizada. A popularização da ferramenta da OpenAI trouxe à tona debates envolvendo direitos autorais, impacto ambiental e a descaracterização do processo artístico.
Fomos então atrás de uma categoria bastante afetada pela banalização da IA: os artistas. O debate gerou reflexões interessantes em uma longa reportagem assinada por Isabela Ferro.
No cenário musical, Marina Sena apresenta Coisas Naturais , disco em que a artista explora diferentes vertentes da música brasileira e latina, reafirmando sua identidade sonora com composições que se afastam das tendências comerciais. Também falamos sobre AVIA , novo álbum da cantora e violonista Josyara , que chega ainda este mês reunindo colaborações de nomes como Pitty e Liniker, em faixas que tratam de cotidiano, afetos e autonomia criativa.
Entre os lançamentos do cinema, destacamos Presença , novo trabalho de Steven Soderbergh, que propõe um exercício estético a partir do ponto de vista de um fantasma, e revisitamos Onda Nova (1983), filme realizado durante a ditadura militar que utilizou o contexto do futebol feminino como crítica ao conservadorismo e à censura da época.
Boa leitura!
O que resta da arte quando o processo é apagado? Studio Ghibli, IA e o esvaziamento simbólico da criação artística
A recente febre das imagens geradas por inteligência artificial no estilo das animações do Studio Ghibli reacendeu debates profundos sobre autoria, ética e o futuro da criação artística. A estética encantada de obras como A Viagem de Chihiro e Princesa Mononoke foi apropriada por usuários da nova ferramenta da OpenAI, levantando críticas de artistas e especialistas sobre o uso não autorizado de obras protegidas, o esvaziamento simbólico do processo criativo e os impactos ambientais da IA generativa. A reportagem de Isabela Ferro procurou as ilustradoras Helô D’Angelo, Ing Lee e Gabriela Güllich para discutir a cadeia de exploração que ameaça não só a individualidade artística, mas toda uma classe de trabalhadores da cultura, ao transformar arte em produto rápido e descartável, desconectado de suas raízes críticas, humanas e coletivas.
Marina Sena reafirma voz própria e identidade artística em “Coisas Naturais”
Marina Sena volta ao centro das atenções com Coisas Naturais, álbum que reafirma sua autenticidade e consolida seu lugar como um dos grandes nomes do pop brasileiro contemporâneo. A cantora agora mergulha em suas raízes e referências – da música latina ao brega, da MPB ao reggaeton – para construir um disco vibrante e sofisticado. A crítica de Antônio Lira ressalta a maneira que, ao mesclar tradição e modernidade, Marina entrega uma obra que celebra sua trajetória artística sem ceder à pasteurização das tendências.
Curta na Serra: a importância da preservação de filmes foi tema de debate
Durante o VI Curta na Serra, a roda de diálogos “Preservação e Memória na Construção de um Audiovisual Presente”, coberta por Alexandre Figueirôa, editor da Revista O Grito!, destacou a urgência em preservar filmes e cuidar dos acervos públicos e privados como parte essencial da produção audiovisual. Com a presença de Ingrid Xavier e Vitória Vítor, da Cinemateca Pernambucana, e do colecionador Edvaldo Mendonça, a conversa abordou os desafios da conservação em diferentes suportes — da película ao digital — e reforçou o papel dos acervos na construção de uma memória coletiva e de continuidade estética no cinema, especialmente no contexto pernambucano.
“Adolescência” faz retrato dolorido da passagem à juventude
A minissérie britânica Adolescência estreia com força ao confrontar o espectador com a brutalidade de um crime cometido por um garoto de 13 anos, mas vai muito além do choque inicial. Ao acompanhar os desdobramentos da acusação de homicídio, a produção investiga as falhas coletivas — da escola, da família, do sistema judicial e das redes sociais — na formação e proteção da juventude. O artigo de Flávia de Gusmão analisa a forma como a série propõe um mergulho doloroso na construção da masculinidade tóxica, nos efeitos do bullying e na cultura digital que molda afetos, identidades e violências.
Josyara anuncia álbum com participações de Pitty, Chico Chico e Liniker
A cantora, compositora e violonista Josyara lança no próximo dia 11 de abril seu aguardado terceiro álbum de estúdio, AVIA, pelo selo Deck. O disco conta com colaborações potentes de nomes como Pitty, Liniker, Iara Rennó, Juliana Linhares e Chico Chico, resultando em encontros marcados por afeto, admiração e afinidade musical. Com releituras e composições inéditas, AVIA celebra a força criativa das mulheres na música brasileira contemporânea.
Música
Fabidonas lança clipe “Chama Ela” e celebra a força das mulheres no hip hop
A rapper pernambucana Fabidonas lançou o videoclipe “Chama Ela”, uma potente celebração da presença feminina no hip hop e da arte urbana como resistência. A produção, assinada pelo selo Escada Music, da Batalha da Escadaria, marca o primeiro clipe solo da artista e foi gravada no centro de Recife.
Vitoria Faria canta o livramento de um relacionamento tóxico no single “Elefante Pelo Cano”. Primeiro single da acordeonista mistura forró com beats eletrônicos.
Coquetel Molotov Negócios em João Pessoa abre inscrições para pitchings. Os selecionados irão se apresentar para convidados do mercado da música nos dias 31 de maio e 01 de junho.
Crítica | Panda Bear troca experimentação pela nostalgia pop em “Sinister Grift”. Gravado em Portugal, Noah Lennox se abre a um som mais palatável em disco que se equilibra entre a tristeza e a superação.
Cinema
“Black Mirror”, “Hacks”, “O Eternauta” e “Ainda Estou Aqui” no Melhor do streaming de abril
Abril traz novidades marcantes aos streamings, com destaque para a sétima temporada de Black Mirror, que retorna à Netflix com novos episódios e a continuação de “USS Callister”. Na HBO Max, a comédia Hacks estreia sua quarta temporada, aprofundando os conflitos entre Deborah e Ava. A Netflix também lança O Eternauta, adaptação da HQ argentina sobre um evento apocalíptico em Buenos Aires.
Filme de realidade virtual pernambucano “Toré Virtual” tem estreia nacional no Acampamento Terra Livre, em Brasília. Produção em 360 graus dirigida por Hugo Fulni-ô e Carol Berger será exibida em sessão imersiva especial.
Documentário investiga legado de Noel Rosa no samba e na boemia carioca. Produção revisita obra e impacto do compositor a partir de relatos de nomes como Moacyr Luz, Mart'nália e Dori Caymmi.
Crítica | “Onda Nova”, censurado na ditadura, é um chute no Brasil conservador e machista. Censurada na ditadura, obra de 1983 é relançada em 4K e chega essa semana ao Cinema da Fundação, no Recife.
Crítica | “Presença”: curioso exercício de estilo de Steven Soderbergh enfeza mais do que satisfaz. Vendido como terror, filme é, na verdade, melodrama com viés espírita.
Livros
Heloísa Teixeira, imortal da ABL e importante nome do feminismo na Academia, morre aos 85
A escritora e acadêmica Heloisa Teixeira, imortal da ABL, faleceu nesta sexta-feira (28), no Rio de Janeiro, aos 85 anos, em decorrência de pneumonia e insuficiência respiratória aguda. Reconhecida por seu legado intelectual e pelo compromisso com uma cultura mais plural, ela se destacou também como uma das principais vozes do feminismo no país.
Philippe Wollney lança livro com leitura performática, exibição de curta e bate-papo. Evento no Ateliê Ex-Libris reúne leitura performática e debate sobre poesia, memória e crítica social.
Cultura
Mostra Pernambucana de Breaking Ginga convoca comunidade do Ibura para batalhas de danças urbanas
A Mostra Pernambucana de Breaking Ginga Bboys e Bgirls segue com batalhas neste fim de semana (05 e 06) na quadra da Erem Dom Sebastião Leme, no Ibura, Recife. Em sua 16ª edição, o evento promove cultura, arte e formação na periferia desde 2008, com produção de Sérgio Ricardo. No sábado (5), acontece a batalha 1x1 com 32 participantes e premiação em dinheiro. No domingo (6), é a vez da disputa 3x3 entre 16 grupos. A programação também inclui oficinas, rodas de diálogo e cursos de gestão cultural, voltados especialmente para jovens da rede pública.
Projeto EJAGAN incentiva criação artística com foco na improvisação. Encontro valoriza a experimentação como processo criativo e promove oficinas com artistas convidado.
Amparo 60 leva seleção de 14 artistas à SP–Arte 2025 com curadoria de Ariana Nuala. Exposição apresenta obras em diferentes linguagens, com foco em questões espaciais e materiais contemporâneas.
Identidade ribeirinha ganha exposição no Sesc Petrolina. “Com Quantas Canoas se Faz uma Ribeirinha”, da artista visual Morgana Caroline, será inaugurada neste sábado (05), com visitação gratuita.
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